O TEATRO


 O Teatro de Arena foi um dos mais importantes grupos de brasileiro das décadas de 1950 e 1960. Fundado na cidade de São Paulo, em 1953, como uma alternativa à cena teatral da época promovendo a renovação e a nacionalização do teatro brasileiro, sua existência encerrou-se em 1972. 

No palco, com cerca de 90 lugares, hoje o Teatro de Arena Eugênio Kusnet faz shows importantes. A intenção de um de seus fundadores, José Renato, oriundo do primeiro grupo da Escola de Arte Dramática de São Paulo, era apresentar performances mais baratas, diferentemente da apresentação praticada pelo teatro de comédia brasileiro. Um repertório internacional que inclui inevitavelmente produções sofisticadas. Em 11 de abril de 1953 com a estreia de "Esta Noite é Nossa", de Stafford Dickens no salões do Museu de Arte Moderna que, até então, era instalada no centro de São Paulo, deu-se abertura para o Teatro de Arena.

A primeira referência brasileira a um teatro em forma de arena surge numa comunicação de Décio de Almeida Prado, professor da Escola de Arte Dramática, em conjunto com seus alunos Geraldo Mateus e José Renato no 1° Congresso Brasileiro de Teatro, realizado no Rio de Janeiro em 1951, destacando o possível barateamento da produção teatral. O Arena nasceu como um TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) econômico, numa alusão ao projeto de conciliar teatro de arte e perspectiva comercial. O mesmo experimenta diferentes gêneros de texto, visando compor um repertório encontrar uma estética própria. A sua importância surgiu com a chegada de um jovem ator, egresso do teatro paulista do estudante, que salvou o Arena, prestes a fechar suas portas por questões econômicas. Esse jovem ator e dramaturgo, apesar de italiano, tinha sérias convicções sobre o teatro que se deveria fazer no Brasil. O ano era 1958, a peça Eles Não Usam Black-Tie e o jovem autor, Gianfrancesco Guarnieri. O sucesso de Black-Tie, mais de um ano em cartaz, abriu espaço para o surgimento de um movimento que constituiu-se no Seminários de Dramaturgia, que tinha por objetivo revelar e expor a produção de novos autores brasileiros. O mais ativo disseminador da dramaturgia nacional que domina os palcos nos anos 1960, aglutinando expressivo contingente de artistas comprometidos com o teatro político e social. As apresentações ocorrem em clubes, fábricas e salões. O Arena experimenta diferentes gêneros de textos, visando compor um repertório e encontrar uma estética própria, leva à cena diversos originais escritos pelos integrantes da companhia, num expressivo movimento de nacionalização do palco, difusão dos textos e politização da discussão da realidade nacional.

 Em 1964 está em cartaz O Tartufo, de Molière. A nova realidade que se configura a partir do golpe militar faz a companhia reorientar os planos, assim como repensar o repertório. É preciso algo novo, para responder à nova situação e driblar a censura, que proíbe a representação de peças brasileiras realistas que faziam parte do repertório da companhia. Definiu a sua especificidade, em 1958, a partir do lançamento de Eles Não Usam Black-Tie, de Gianfrancesco Guarnieri. A sede do Arena tornou-se, então, a casa do autor brasileiro, o êxito da tomada de posição transformou o Arena em reduto inovador. Renato José Pécora, diretor de teatro, dramaturgo e ator. Nasceu em primeiro de fevereiro em 1926, na capital de São Paulo, e veio a falecer na mesma em dois de maio de 2011. Pécora tem uma de suas principais obras consideradas como marco no teatro dos anos cinquenta, sendo uma das correntes no nacionalismo no teatro brasileiro. O mesmo não teve a idéia sozinho, Geraldo Matheus e José Renato, seus alunos, o ajudaram na primeira referência brasileira de um teatro de arena. Em 1953, o teatro cresceu mais ao se fundir com o Teatro Paulista dos Estudantes e ao contratar Augusto Boal, diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras do teatro contemporâneo internacional. A princípio, o teatro focava-se em peças estrangeiras, cinco anos mais tarde, os integrantes do teatro começaram a apresentar peças escritas por eles mesmos. O Arena dessacralizou a escrita dramática. Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, à frente do grupo no momento do golpe militar, precisaram elaborar uma estratégia para enfrentar a censura, já que as peças realistas que o grupo costumava montar haviam sido proibidas. A repressão da ditadura, principalmente com o Ato nº 5, ainda permitiu a Augusto Boal fazer a experiência do Teatro Jornal, primeiro passo de seu Teatro do Oprimido, que se desenvolveu no exterior nas formas do Teatro Invisível e do Teatro-Foro. Mas seu exílio, em 1971, já afastados outros valores do grupo, interrompeu a grande trajetória do Teatro de Arena.

 Aquilo que viria a ser uma das mais fortes trincheiras teatrais contra o regime militar: o show "Opinião", dirigido por Augusto Boal e interpretado por Nara Leão (depois substituída por Maria Bethânia). Por um tempo, o show foi apresentado em nome do teatro de Arena de São Paulo e, por ocasião da estréia, Boal declarou que o novo núcleo carioca do Arena, reunindo, entre outros, Milton Gonçalves, Nelson Xavier, Vianinha, Chico de Assis, Flávio Migliaccio, Vera Gertel e Isabel Ribeiro, desenvolveria no Rio um trabalho permanente, independente da matriz paulista, mas entrosado com ela; um projeto que nunca chegaria a ganhar corpo, diante da criação autônoma do Grupo Opinião. Após esta ascensão, começam a penetrar nos ouvidos da juventude os primeiros ecos de uma grande revolução que se desenhava. Esse movimento, parte de uma sensação de insatisfação, no caso, não com esquemas militares, mas com valores culturais e éticos legados pelas gerações anteriores, que são repudiados.


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